domingo, 16 de junho de 2013

Estação Morte - Conto

   Este é um conto de autoria do meu amigo Felipe AG que infelizmente não está mais aqui para ver este post. O @felipeag foi o criador do blog Face do Medo. Fã do Stephen King, ele sempre gostou de terror e até mesmo já postou um conto meu em seu blog. Sendo assim, como forma de agradecer esse amigo que nunca encontrei mas que sempre esteve conversando comigo, deixo aqui um conto dele.

Um pedaço de nós está em cada pessoa que venhamos a encontrar. - Stephen King


Estação Morte



      Era por volta das três e meia da manhã quando Arnold saiu de uma festa de confraternização na empresa onde trabalhava. Como já era de madrugada e não tinha mais ônibus e nem táxi, ele decidiu voltar para casa de trem. Mas ainda faltavam algumas horas para a estação começar a funcionar. Então, Arnold pediu a um dos seguranças se ele não poderia adentrar a estação e esperar pelo trem com mais tranquilidade. Arnold disse ao segurança que estava exausto e ficaria descansando em um dos bancos até o trem chegar e que não incomodaria em nada. O segurança com muita boa vontade permitiu a entrada de Arnold, que sem pensar muito, foi até um banco que ficava um pouco distante da guarita, sentou e logo começou a cochilar.
          Alguns minutos depois, Arnold despertou ao som de passos. Ele nem precisou abrir bem os olhos para saber que se tratava de uma mulher. O som dos sapatos de salto alto ecoava por toda a estação. A mulher foi caminhando pela plataforma até se aproximar de Arnold e perguntar: “Posso me sentar ao seu lado?”. Arnold disse que sim. Era uma mulher muito bonita que usava um belo e elegante vestido.
          Arnold e a mulher conversaram por vários minutos, ambos contando o porquê de estarem ali naquele horário. Arnold contou sobre a festa, e a mulher disse que havia sido deixada pelo namorado. Ao falar sobre a decepção amorosa, a mulher desabou em lagrimas, e Arnold, querendo ser prestativo, ofereceu seu ombro amigo. A mulher ficou chorando por alguns minutos, depois ficou mais tranquila e por fim adormeceu ao lado de Arnold, que estava muito cansado e logo também pegou no sono.
          Minutos depois Arnold acordou. A mulher já não estava mais ao seu lado, mas sim parada em pé bem na beira da plataforma. Arnold estranhou o comportamento dela. Ela estava imóvel e de cabeça baixa. Lentamente Arnold se aproximou e perguntou: “Você está bem?”. Mas ao levar as mãos ao ombro da mulher, percebeu que ela estava com a pele gelada. Foi aí que a aparência da mulher chamou a atenção e assustou Arnold. Ela estava com o rosto todo machucado e sangrando muito, era como se ela tivesse levado muitos socos devido ao aparente inchaço. Arnold se apavorou, e desesperado perguntou: “Quem fez isso com você?”. Mas a mulher só dizia uma única frase: “Chegou a hora de ficarmos juntos novamente!”. Arnold sem saber o que fazer, gritou pelos seguranças, mas ninguém apareceu. Foi aí que a mulher agarrou Arnold cravando as unhas em seus braços, e fazendo muita força, queria joga-lo nos trilhos, bem na frente do trem que se aproximava ao longe. Arnold lutou com a mulher por alguns segundos, até que ele ouviu uma voz gritar: “Não... Já chega disso!”. Era um dos seguranças que se aproximou e conseguir livrar Arnold da fúria da mulher. Os dois correram e se trancaram na guarita. A mulher perseguiu os rapazes e ficou batendo na porta da guarita dando gritos ensurdecedores de raiva. 
          Enquanto a mulher espancava a porta, o segurança contou para Arnold o que estava acontecendo. Mesmo apavorado e com os braços machucados, ele ouviu o que o segurança tinha a dizer.
          O segurança disse que aquela furiosa mulher era sua ex-namorada. Disse também que após uma discussão, ele perdeu a cabeça, espancou e assassinou a mulher. Desesperado, o segurança enterrou o corpo da ex-companheira bem ao lado dos trilhos na estação. O segurança continuou dizendo que a mulher voltou para assombra-lo, e perturbado com suas aparições, disse que daria a alma de outros rapazes para acalmar sua fúria. Arnold seria o sexto homem a ser sacrificado. As outras mortes foram dadas todas como suicidio.
          Não suportando a culpa, o segurança decidiu deixar o fantasma da sua ex-namorada se vingar de uma vez por todas. O segurança pediu para Arnold ficar dentro da guarita, e disse que logo daria um fim aquela maldição. 
          Arnold fez o que o segurança pediu, e de dentro da guarita ouviu a frase: “Sou eu quem você quer... pode me levar!”. Alguns segundos depois, os gritos de dor e desespero do segurança foram ouvidos. Ele foi jogado bem na frente do trem que chegava a estação.
          Arnold desistiu de pegar o trem, e rapidamente saiu da estação, nem procurou saber que fim levaria a morte do segurança. Mas voltou para casa carregando terríveis lembranças que o acompanharão até o fim da vida.

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