Havia uma forma que o perseguia.
Possuía braços longos e pernas
curtas demais para o seu tamanho. Seu sorriso era capaz de gelar o coração de
um homem menos afortunado em suas virtudes.
E aquela coisa sempre sorria.
Toda vez que os olhos do rapaz se
fechavam, a forma estava lá, tão alva quanto à neve que caia lá fora, seus
grandes olhos vazios fitando-o ininterruptamente. Logo ele percebeu que a coisa
crescia. Sempre que alguma adversidade acontecia em sua vida, aquela forma também
aumentava de tamanho dentro de si e seu sorriso tornava-se igualmente maior. Um
dia falou. Estava tão grande que ele mal conseguia ignorá-la martelando sua
mente. Queria se libertar, sair.
Mas ele a segurava. Sabia que nada
de bom aconteceria se aquilo escapasse de si, e, no entanto, por mais que ele a
forçasse de volta, ela continuava crescendo e tomando para si pensamentos que
ele antes julgava como seus. Cresceu tanto que ao fechar os olhos, seu mundo
não era mais negro e sim tomado do branco doentio que a forma emanava.
Finalmente ela alcançou a borda da
sua consciência e a arranhou impacientemente até se projetar para fora. Ele
estava cansando, machucado. Não podia lutar mais com aquilo e por isso permitiu
que saísse.
Sorria de orelha a orelha enquanto
deixava um rastro de sangue atrás de si.

(conto e ilustração de minha autoria kkk) clique aqui e visite meu deviantART
1 comentários:
ótimo conto! Palavras bem colocadas que me levou a ter uma interpretação bem particular! Afinal todos nós temos momentos de insanidade, e todos nós convivemos com algo preso dentro de nossas mentes, que se liberado pode causar danos a nós e aos outros!
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